Praia Vermelha, na Urca, é tomada por ‘exército’ de ratos

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Técnicos da Comlurb espalham veneno de rato na Praia Vermelha - Divulgação/Comlurb

– Fiquei horrorizada quando vi aquilo. Lembrei da infância dos meus filhos, as crianças brincavam naquela areia, a gente deitava ali. Fiquei com um sentimento de tristeza muito grande, é uma pena aquele lugar, um dos pontos turísticos mais emblemáticos do Rio, estar tão abandonado.

O mesmo acontece na Praia da Urca, aquela que fica atrás do Istituto Europeo di Design (IED), o antigo Cassino da Urca, onde os roedores fazem passeios noturnos sem pudor.

– É nojento. Basta escurecer que eles vêm atras das iscas que os pescadores jogam nas pedras e seguem para a areia, cerca de 30 ou 40 toda noite – diz o comerciante Renato Gonçalves, que mora no bairro há 40 anos.

Os roedores também têm se sentido à vontade nas calçadas de outros bairros do Rio. Não é difícil encontrar ratos “frequentando” o Baixo Botafogo, por exemplo.

– Outro dia, parei a moto numa esquina da Voluntários da Pátria e vi um rato enorme entrando numa casa de sucos – conta o educador físico Marcelo Paixão.

Mas a concentração de ratos na cidade é maior na Oeste. Segundo a prefeitura, o maior número de relatos de roedores pelo 1746 vem dos bairros de Campo Grande (1.935 solicitações em 2017, segundo a Comlurb) e Bangu (1.356 ocorrências).

– A zona oeste tem maior número de ocorrêncuas porque é uma região precária no que diz respeito ao saneamento básico e locais que são utilizados para descarte de resíduos. A zona sul é a que tem menos chamados porque tem mais apartamentos e menos casas baixas. Os quintais atraem os roedores devido à presença de lixo mal acondicionado e animais domésticos. Os alimentos ou ração em vasilhas deixados a noite atraem os ratos – explica Bianca Quintaes, gerente do Centro de Pesquisas Aplicadas da Comlurb.

De janeiro a agosto de 2018, de acordo com o órgão municipal, foram recebidas 18.837 ligações informando da presença de ratos: uma média de 2.355 por mês, 78 por dia e uma ligação a cada 18 minutos. Um dos relatos foi da auxiliar de operações Keyla Esteves, moradora de Cordovil, na Zona Norte do Rio. Anualmente, ela pede socorro à prefeitura para combater ratos em sua casa.

– Os ratos andavam pelo meu telhado e pulavam na minha área de serviço, que é aberta. Frequentemente, via fezes na minha cama, meu armário e minha porta da cozinha foram roídos. A Comlurb veio a minha casa, espalhou veneno, eles morreram, mas, no verão, com as chuvas e o enchimento das galerias de esgoto, eles vão voltar, me dá nervoso só de pensar – diz Keyla.

RECLAMAÇÕES POR BAIRRO
A Zona Oeste da cidade concentra os bairros com maior número de reclamações sobre a presença de roedores. Em 2017, foram mais de 26,2 mil registros

Segundo Bianca gerente do Centro de Pesquisas Aplicadas da Comlurb, nos oito primeiros meses deste ano, foram feitas 54.263 inspeções em imóveis, dos quais 26.158 foram tratados. Ela conta que, num prazo de até 15 dias após a solicitação no 1746, equipes de cinco pessoas cada vão aos endereços reclamados à procura de fezes, alimentos remexidos, pneus e peças de plástico, para identificar o tipo de roedor e escolher o veneno adequado.

– Há os ratos pretos, que andam por cima de telhados e muros, e as ratazanas, ou ratos de esgoto. Os ratos de telhado são mais exigentes, então fazemos um veneno com um gosto melhor. O veneno para matar os ratos de esgoto, revestido de parafina, protegido contra umidade, por causa das chuvas -detalha Bianca.

Fonte: O Globo

 

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