Quando iam almoçar no refeitório da Escola Escritor José de Alencar, em Maranguape 1, Paulista, os 420 estudantes da unidade de ensino contavam com desagradáveis companhias. Ao lado dos copos e pratos, dezenas de pombos aproveitavam os restos das comidas para se alimentarem. A presença das aves no local onde os alunos faziam as refeições preocupou a professora da disciplina de metodologia científica da escola, Dayse Maciel. A preocupação se transformou no motivo que ela precisava para despertar o interesse dos estudantes para uma pesquisa com rigor científico; tipo de estudo que eles tinham pouco contato.
O primeiro passo para iniciar uma investigação científica é, segundo a professora, ouvir os próprios alunos e buscar temas que possam aguçar a curiosidade deles. Assim, o incômodo que a comunidade escolar sentia com a presença dos pombos foi o mote do projeto Estratégias de intervenção para o controle da população de pombos e de seus impactos nas escolas públicas estaduais de Paulista. “O título é assim porque em trabalhos científicos os nomes são grandes mesmo”, justifica o estudante do segundo ano do ensino médio José Vinícius Mesquita, 18 anos, mostrando que conhece as regras dos trabalhos com rigor científico.
“Uma das grandes dificuldades do professor de educação básica enfrenta hoje é conseguir despertar o interesse do aluno sobre o conteúdo e sobre a disciplina. É um desafio ao lecionar em metodologia científica, mas a matéria consegue despertar no aluno um olhar investigador e dá a ele uma percepção mais crítica sobre o contexto onde vive. Isso chama a atenção dos alunos”, afirmou Dayse. Segundo a professora, temas que cercam o cotidiano dos estudantes costumam despertar mais o interesse deles para a aula.
A partir do assunto que fazia parte do cotidiano escolar, professora e alunos se debruçaram sobre pesquisas anteriores que também abordavam a questão. “Definimos um quadro teórico e iniciamos a pesquisa com o que já havia sido estudado sobre essas aves, as doenças que elas transmitem e como evitar a proliferação dos animais”, explicou a estudante do segundo ano do ensino médio Ana Júlia Freire, 16.
Durante a investigação, os estudantes descobriram que sete das 21 escolas da rede pública estadual de Paulista passavam pelo mesmo problema identificado na José de Alencar. “Por terem estruturas semelhantes, as escolas apresentaram o mesmo impasse relacionado aos pombos. Criamos estratégias, como a colocação de telas no refeitório e conscientização da comunidade escolar sobre a necessidade de descartar os alimentos corretamente. Com isso, a população de pombos que nos atormentava sumiu”, disse José Vinícius.
A experiência exitosa será compartilhada com as demais escolas do município no próximo ano.