Caso em Cambará reascende debate sobre a urgência no atendimento e a prevenção contra escorpiões.
A comunidade de Cambará, no norte do Paraná, foi abalada pela trágica morte de Thaygo Henrique Bara Milani, de 12 anos, após ser picado por um escorpião-amarelo. O incidente ocorreu em sua residência, enquanto o menino tentava alcançar um brinquedo. Este lamentável evento, que se soma a outro caso fatal na mesma cidade em julho, sublinha a crescente preocupação com acidentes envolvendo escorpiões e a necessidade de protocolos de atendimento eficazes e medidas preventivas robustas.
O Acidente e a Luta por Atendimento
Thaygo foi picado no domingo (12 de outubro) e, segundo relatos do tio-avô Rogério Milani à RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, a família buscou atendimento imediato. Contudo, a falta de soro antiescorpiônico no hospital de Cambará desencadeou uma série de transferências. O menino foi levado a Jacarezinho, retornou a Cambará devido a uma piora e, finalmente, foi encaminhado a Londrina. Durante esse percurso, Thaygo sofreu uma parada cardíaca, e seu falecimento foi confirmado na noite de segunda-feira (13) no Hospital Universitário de Londrina.
Este cenário de emergência e a ausência do soro específico em hospitais menores são um problema recorrente, como evidenciado pela morte de Bernardo Gomes de Oliveira, de 3 anos, em julho, na mesma cidade. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa-PR) concluiu que a demora na aplicação do soro antiescorpiônico comprometeu o atendimento de Bernardo.
A Resposta do Município e a Investigação
A Prefeitura de Cambará divulgou uma nota detalhando o atendimento a Thaygo, afirmando que todos os protocolos de emergência foram acionados e que seis ampolas de soro antiescorpiônico foram administradas após contato com o CIATox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica) e a 19ª Regional de Saúde. A nota também esclarece que o soro ainda não está armazenado em Cambará devido à necessidade de cumprimento de protocolos estaduais específicos, mas que o município está em processo de adequação para viabilizar o armazenamento local.
A morte de Thaygo será investigada pela Sesa, e o secretário municipal de Saúde expressou profundo pesar e solidariedade à família, reiterando o compromisso com a transparência e o fortalecimento das ações de prevenção e combate ao escorpionismo na cidade.
Prevenção e Controle de Escorpiões: Uma Urgência Nacional
O escorpião-amarelo (Tityus serrulatus), espécie responsável pela picada de Thaygo, é considerado o mais perigoso no Brasil, e os acidentes com escorpiões têm se tornado uma preocupação crescente em áreas urbanas. O número de mortes por picadas de escorpião dobrou nos últimos 10 anos, superando as mortes por picadas de cobra.
É fundamental que a população esteja ciente das medidas preventivas, como manter a casa limpa e organizada, vedar frestas e ralos, e evitar o acúmulo de entulho, que servem de abrigo para esses aracnídeos. Em caso de picada, a orientação é buscar atendimento médico imediatamente e, se possível, levar o animal para identificação, o que agiliza o tratamento.
