O Hospital da Criança tem recebido muitos pacientes neste período; muitas vítimas podem ter virose da mosca.
SÃO LUÍS – Os sinais são cada vez mais comuns nos relatos dos pacientes nos principais hospitais de São Luís: febre, dor no corpo, desconforto abdominal, vômitos e diarreias. Mas o que pode parecer uma simples infecção intestinal, causada pelo consumo de alimentos estragados, na verdade tem sido identificado como a “virose da mosca”. Na capital, diversos pacientes estão procurando as unidades de saúde em busca de atendimento e se mostrado surpresos com o diagnóstico inusitado.
Desde o fim da semana passada, a jornalista Viviane Mendes sentiu coriza forte, febre, moleza e ardência nos olhos. Como os sintomas persistiram e ficaram mais intensos, ela procurou atendimento de emergência em um hospital privado de São Luís. “O clínico geral que me atendeu diagnosticou como uma virose comum”, relata.
Preocupada com a saúde, ela fez exames de rotina, e no segundo atendimento veio o diagnóstico. “Foi quando eu descobri que estava com sintomas da ‘virose da mosca’. O médico disse que tanto eu quanto minha madrinha estávamos com a virose e afirmou que há muitos pacientes com essa doença em São Luís”, afirma.
A médica Graziela Medeiros, clínica geral do Hapvida Saúde, explica que tal doença nada mais é do que uma gastroenterite: “A infecção afeta o trato gastrointestinal e é causada pela ingestão de alimentos contaminados por fungos ou bactérias”, informa. O diagnóstico da jornalista Viviane Mendes foi feito durante uma consulta com um gastroenterologista.
Por causa das chuvas neste período, é bastante comum existirem esses casos. Moscas pousam no ambiente contaminado, transmitindo diversas bactérias” – Graziela Medeiros, médica de clínica geral.
O apelido da doença que parece ter virado uma epidemia se dá em razão da forma como ela é transmitida. Como nesse período de calor intenso e chuvas frequentes as moscas, assim como todos os outros insetos, acabam proliferando muito mais, é preciso ficar ainda mais atento a cuidados como o acúmulo de lixo. As moscas são apontadas como suspeitas, já que ressurgem neste período chuvoso trazendo doenças sazonais. Por isso, o quadro passou a ser denominado “virose da mosca”.
Sintomas
De acordo com a especialista, a infecção pode ser viral ou bacteriana. Alguns sinais diferenciam as duas formas. Se for viral, os sintomas são mais brandos e costumam desaparecer em até 5 dias. Se for bacteriana, os pacientes ficam mais debilitados e com quadros mais intensos de febre alta e diarreia.
É preciso ter cuidado especial com as crianças, que ainda estão em processo de fortalecimento da imunidade e, por isso, sofrem mais. “O risco é, principalmente, de uma desidratação. Os pais precisam ficar em alerta com os primeiros sintomas e dar sempre bastante líquido às crianças”, orienta a médica.
Além de São Luís, diversas outras cidades brasileiras, sobretudo do Nordeste estão apresentando casos da doença. Para prevenir a infecção, o ideal é sempre manter a higiene do ambiente e, principalmente, dos alimentos que serão consumidos. “Na sujeira, em especial onde há decomposição de lixo orgânico, as moscas pousam e depois levam essa contaminação adiante”, alerta a médica. Outra dica da médica é evitar lixeiras próximas a fogões, pias e geladeiras.
Cuidados que Bernadete Silva, dona de uma banquinha de café na Praça Deodoro, Centro de São Luís, já tinha, mas passou a reforçar depois que foi parar na emergência com os sintomas da virose. “Nessa época, a gente não fica sem abanar, senão as moscas sentam mesmo nos alimentos, mas depois dos dias terríveis que passei doente e emagreci, vejo que o melhor é mesmo manter toda a higiene possível. Por isso, agora estou muito mais exigente”, relata.
O Estado entrou em contato com as secretarias Municipal de Saúde (Semus) e Estadual da Saúde (SES) para saber quantos casos da virose já foram atendidos na rede pública de São Luís este ano e quais as orientações à população. A SES informou que a doença não tem notificação compulsória, ou seja, não tem registro obrigatório. Portanto, não se tem o número de registro dos casos. A Semus não retornou até o fechamento desta edição.
CUIDADOS PARA EVITAR A MOSCA DOMÉSTICA
– Não deixar acumular o lixo mais de 4 dias dentro de casa;
– Lavar o fundo do recipiente onde é colocado o lixo com água sanitária 1 vez por semana;
– Utilizar um prato ou outro utensílio para tapar a comida, evitando deixá-la exposta;
– Evitar comer comida que esteve em contato direto com moscas;
– Colocar redes contra moscas e mosquitos nas janelas;
– Usar uma rede mosquiteira para dormir, especialmente no caso dos bebês.
– No entanto, caso as moscas consigam se desenvolver dentro de casa mesmo seguindo estas dicas, existem formas de as eliminar, como usar inseticidas, armadilhas ou vaporizadores, por exemplo.