Durante as últimas semanas, houve um aumento nos relatos de diarreia, vômito, náusea, dor abdominal, falta de apetite, dor de cabeça, febre, indisposição e dores pelo corpo, nos estabelecimentos de saúde do estado de Sergipe. Coincidentemente, houve também um aumento bastante significativo no número de moscas nessa mesma região.
Embora esses sintomas sejam inespecíficos, e característicos para muitas doenças, a coincidência com o aumento no número de moscas acaba fazendo com que alguns cheguem a correlacionar tal fato com uma doença conhecida por “virose da mosca”.
Apesar de alguns profissionais de saúde serem contra essa teoria, não há nenhuma comprovação científica que afirme tal fato ou o contrarie. Temos apenas todos esses relatos e conhecimento da doença que nos leva a analisar melhor a situação.
A virose da mosca é uma infecção do trato gastrintestinal transmitida pelo consumo de alimentos que tiveram contato com a mosca. Quando o inseto pousa em algum local contaminado, como fezes por exemplo, leva consigo microrganismos em seus pelos. Ao pousar em algum alimento, acabam depositando esses microrganismos que podem levar a quadros de infecção com os sintomas acima.
Esses sintomas costumam desaparecer entre 5 a 15 dias. Depende muito de como anda a saúde do indivíduo, sua imunidade e seus hábitos de vida. Na maioria dos casos, não é necessária nenhuma intervenção medicamentosa, apenas a ingestão de muito líquido, alimentação saudável e repouso. Em casos onde a febre persiste e o paciente fica bastante debilitado, torna-se necessária buscar o atendimento médico.
É comum o paciente não querer se alimentar durante a doença, mas essa é uma decisão que pode piorar bastante o quadro. Sem se alimentar ou se hidratar os sintomas podem avançar e demoram mais ainda a desaparecerem. Sucos, sopas e frutas são os mais recomendados nesse caso, já que são leves e a probabilidade de vômito é menor. É importante também evitar sucos e frutas ácidas, café e bebidas alcoólicas, já que o sistema gastrintestinal está bastante sensível.
Alguns profissionais preferem chamar o problema apenas de gastroenterite, e não correlacionam com a mosca, mas com a água. Em períodos de chuvas há um aumento na contaminação da água, pelo seu contato com lixo, animais mortos e tantas outras fontes de contaminação. Essa água não só contamina alimentos como também temos contato direto com ela, se tornando uma potencial fonte de infecção.
Previna-se
Em todo caso, sendo virose da mosca, ou qualquer outra doença transmitida por insetos ou água contaminada, os cuidados a seguir servem em geral como forma de prevenção ao problema que tem lotado hospitais, postos e clínicas da região.
· Tomar muita água para evitar desidratação.
· Manter a higiene do ambiente e dos alimentos, principalmente antes de ingeri-los ou prepará-los.
· Evitar deixar lixeiras próximas a fogões, fruteiras, pias, geladeiras ou qualquer outro local que armazene alimentos.
· Não deixar acumular o lixo mais de 4 dias dentro de casa.
· Lavar o fundo do recipiente onde é colocado o lixo com água sanitária 1 vez por semana.
· Utilizar um prato ou outro utensílio para tapar a comida, evitando deixá-la exposta.
· Não comer comida que esteve em contato direto com moscas.
· Colocar redes contra moscas e mosquitos nas janelas.
· Usar mosquiteiro para dormir, especialmente no caso dos bebês. Ou utilizar repelentes ou vaporizadores.
· Uma dica para eliminar moscas é utilizar em um recipiente uma mistura de água, sabão em pó e açúcar. Isso atrai as moscas e as eliminam.
Jeferson Machado Santos.
CRF-SE: 658.
Farmacêutico pela Universidade Federal de Sergipe – UFS.
Habilitação em Bioquímica Clínica pela Universidade Federal de Sergipe – UFS.
Especialista em Administração de Empresas pela FIJ-RJ.
Especialista em Farmacologia e Interações Medicamentosas pela Uninter-IBPEX.