Vírus típico da Amazônia, transmitido pelo Aedes aegypti, chega ao Rio

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Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro descobriram que um vírus típico da Amazônia, que provoca sintomas muito parecidos com os da chikungunya, também chegou à cidade grande.

Foram três anos com uma dúvida zunindo na cabeça. Por que alguns exames de pacientes que tinham todos os sintomas da chikungunya não apontavam a doença? Em março um pesquisador abriu a geladeira do laboratório para testar novamente exames coletados durante a epidemia de 2016. E não só confirmou uma suspeita como fez uma descoberta preocupante, divulgada nesta quinta-feira (16): um vírus inesperado apareceu no Rio de Janeiro.

“Esse vírus, o mayaro, é endêmico de regiões de floresta densa, da Amazônia, assim como a febre amarela. Então, não se esperaria que chegasse à Região Sudeste”, avaliou Rodrigo Brindeiro, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O mayaro é uma espécie de primo da chikungunya. Os dois provocam basicamente os mesmos sintomas: dores nas articulações, febre, dor de cabeça. Os pesquisadores não sabem ainda como é que o mayaro chegou na cidade. Agora, eles vão fazer uma espécie de rastreamento genético para descobrir o caminho que o vírus fez até o Rio.

Entre 2014 e 2016, o Ministério da Saúde registrou 86 casos de mayaro nas regiões Norte e Centro-Oeste. Agora, o Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ descobriu que três pessoas no Rio também tiveram a doença.

“Os três casos que nós obtivemos são de Niterói. Quer dizer que essas pessoas foram infectadas aqui no estado mesmo, aqui na região onde moram, porque elas nunca estiveram na região amazônica”, disse o pesquisador.

Pesquisadores acreditam que o vírus ainda pode estar circulando no Rio, mas aguardam a chegada de amostras mais recentes para comprovar a suspeita.

“Vão ser na ordem de milhares de amostras que não confirmaram o diagnóstico de chikungunya: nós vamos testar agora para esse novo vírus”, explicou Amilcar Tanuri, coordenador do Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ.

Testes feitos em laboratório mostram que o mayaro pode ser transmitido pelo Aedes aegypti e pelo pernilongo comum, o culex. Os pesquisadores dizem que não há motivo para alarde, mas que é preciso investir tanto no combate aos mosquitos quanto nas pesquisas que estudam a doença

“A presença do mayaro aqui coloca a gente num nível de alerta da entrada de novos vírus. Por que a entrada de um novo vírus é tão importante? Porque a população tem pouca resistência ou anticorpos contra ele”, explicou Tanuri.

O Ministério da Saúde declarou que não foi notificado sobre a descoberta e que não tem registros de casos recentes no Brasil. A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro afirmou que todas as amostras de casos negativos notificados em 2019 para dengue e chikungunya estão sendo reavaliadas.

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