210 casos notificados de leishmaniose no Maranhão

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A Leishmaniose é transmitida pela picada de mosquitos-palha infectados

O mês de agosto, dedicado ao combate à leishmaniose, também conhecida como calazar, está encerrando com cerca de 210 casos notificados no Maranhão, de acordo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, do Ministério da Saúde. Há três anos o estado lidera o ranking do número de casos de leishmaniose visceral do país. Em 2017 foram registrados 789 casos; 703 em 2018; e 210 atualmente, em 2019, sendo 185 confirmados.PUBLICIDADE

De acordo com o Sinan, em 2019 o Maranhão continua com o maior número de casos em relação às demais unidades da federação. Em segundo vem Pará, com 156 casos e em terceiro, Minas Gerais com 115.

Por esse motivo, o combate à leishmaniose foi intensificado no Maranhão, segundo ações do Governo do Estado, com mobilização nos 217 municípios maranhenses, de ações preventivas, combate e controle da doença.

Como parte das ações de responsabilidade da gestão estadual, a Secretaria de Estado da Saúde vem executando atividades permanentes de capacitação para médicos, enfermeiros e demais profissionais para o diagnóstico clínico e tratamento da doença, capacitação e descentralização para testes rápidos humano e canino. Além disso, fazendo a descentralização de medicamentos, investigação de óbitos e aquisição e distribuição de equipamentos de borrifação para o controle vetorial.

A chefe do Departamento de Zoonoses da SES, Zulmira Batista, comentou em recente entrevista, que o combate à leishmaniose requer o compromisso de todos. “Quando cuidamos do animal, cuidamos também das pessoas. São ações que precisam caminhar juntas: o ser humano, o meio ambiente e o animal. Não podemos trabalhar de forma isolada, mas os três pontos juntos no conceito de uma só saúde”, destacou Zulmira Batista.

Na semana que passou as ações de combate foram nas escolas e  feiras, como no Colégio Militar 2 de julho (São José de Ribamar), e  na Feira do João Paulo. A ação será realizada nos municípios maranhenses em parceria com o Programa Saúde na Escola (PSE).

A leishmaniose visceral, conhecida como calazar, é uma zoonose e, se não tratada, pode levar a óbito até 90% dos casos. A coordenadora do Programa Estadual de Vigilância e Controle das Leishmanioses da SES, Monique Maia, disse que a campanha para prevenção da doença orienta gestores municipais, população e profissionais de saúde. “Prevenção é sempre a melhor opção, principalmente, porque percebemos a carência que as pessoas têm de informações a respeito da doença, seus sintomas e formas de contraí-la”, pontuou.

Existem dois tipos de leishmaniose: a visceral, conhecida como calazar, e a leishmaniose tegumentar. Ambas são consideradas doenças infecciosas e que são repassadas por flebotomíneos (insetos vetores de transmissão da leishmaniose) infectados de espécies distintas. A visceral é caracterizada, principalmente, por febre de longa duração, aumento do fígado e baço, além de perda de peso acentuada. Já a tegumentar provoca úlceras na pele e mucosas.

Entramos em contato com a Coordenação de Controle de Zoonoses para saber dados de São Luís e políticas de combate e prevenção, mas nossa solicitação não foi atendida até o fechamento desta edição.

Problema com cães e gatos abandonados

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Brasil existam mais de 30 milhões de animais abandonados, entre gatos e  cães

A Organização Mundial da Saúde estima que só no Brasil existam mais de 30 milhões de animais abandonados, entre 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães. Em cidades de grande porte, para cada cinco habitantes há um cachorro. Destes, 10% estão abandonados.

No interior, em cidades menores, a situação não é muito diferente. Em muitos casos o número chega a 1/4 da população humana.

Em São Luís não se tem esses dados, mas não é preciso procurar muito para perceber que eles estão em toda parte.

A principal forma de transmissão da leishmaniose é através de mosquitos durante a picada. O mosquito palha, nome pode variar de acordo com a localidade, é mais encontrado em lugares úmidos, escuros, onde existem muitas plantas.

No entanto, os cães também entram no processo de transmissão, pois, quando picados pelo mosquito, desenvolvem a doença e podem passar para humanos. “Muito animais de rua, revirando lixo por aí, e depois circulando com a gente nas feiras, principalmente, onde há muito descarte, complica né? Porque eles não são vacinados e se pegarem a doença podem transmitir para a gente. Também acho que tem muito a ver com a limpeza da cidade. Quanto menos lixo tiver na rua, menos doenças a gente vai ter”, assegura o feirante Antônio Francisco de Paula.

Incidência e prevenção

Segundo informações do professor e médico veterinário Nordman Wall, a incidência da zoonose é verificada o ano inteiro em animais atendidos pelo Hospital Veterinário da Universidade Estadual do Maranhão. De cada 20 casos suspeitos 6 são confirmados com calazar. “Principalmente que estamos em uma área, que é a Cidade Operária, que é mais endêmica que outras áreas, como Renascença, São Francisco. Porque aqui tem muito desmatamento, muita casa que não é rebocada. Veja bem, o principal vetor de transmissão não é o animal, é o mosquito, e esse mosquito vive do lixo, da sujeira, aí tem o desmatamento, a pessoa mora em uma casa que não é rebocada, e em lugares assim o mosquito se aloja”.

Para o especialista, é uma situação preocupante porque não pode se ter um animal portador da zoonose em casa e não fazer nada, ao mesmo tempo em que o tratamento é caro, e precisa ser feito a vida inteira. A zoonose não tem cura.

O mais adequado seria fazer a prevenção com higiene tanto do cachorro, quanto do logradouro. A coleira específica é uma alternativa viável e que custa entre 50 e 100 reais. “A gente faz aqui no Hospital um trabalho de prevenção permanente informando os cuidados com a higiene do animal”, informa o médico.

Os principais reservatórios da doença são raposas, tamanduás e cães silvestres e domésticos. Destes, o principal são os cachorros. Ao serem infectados, eles podem apresentar complicações semelhantes às acometidas nos seres humanos. Para prevenir a doença, ambientes limpos para evitar o criadouro do mosquito-palha, vetor da doença. É recomendável usar repelentes, além de utilizar telas nos cestos de lixo. No caso dos animais de estimação, visitas periódicas ao veterinário são recomendáveis.

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