O mês de outubro tem uma data bem importante no que concerne a conscientização a respeito de uma ordem de mamíferos, geralmente, muito temida pela população: os morcegos. Em 1º de outubro comemora-se o Dia Internacional do Morcego. A data foi criada pela Rede Latino Americana e do Caribe, com a intenção de mostrar às pessoas o papel dos morcegos na natureza. Visando desmistificar a figura desse animal, o Centro de Conservação e Manejo de Fauna (Cemafauna Caatinga) está com programação especial para proporcionar maior conhecimento sobre esse mamífero, como já fora anteriormente divulgado.
“O foco agora é falar mais a respeito desse animal silvestre, sobre seus hábitos, principais características e também o que fazer em caso de encontrar indivíduos ou até mesmo uma colônia em algum ambiente urbano habitado. Para conservar é preciso conhecer, e muitas pessoas desconhecem o papel fundamental que os morcegos desempenham na natureza”, afirma a bióloga Cibele Zanon, do Laboratório de Mastozoologia do Cemafauna.
No Brasil os quirópteros, contam com 180 espécies. Em sua maioria, os morcegos são insetívoros, chegando a consumir até 500 insetos em uma só noite, o que proporciona que sejam considerados eficientes controladores biológicos. Potenciais dispersores, os morcegos frugívoros quando se alimentam de frutos os retiram de uma planta, voando para outros locais e durante esse processo pode ocorrer tanto a queda do fruto, quanto também o descarte das sementes no forrageio ou defecação em voo, contribuindo na dispersão de mais de 100 espécies de plantas. Outro ponto a ressaltar é que morcegos polinívoros/nectarívoros ao introduzirem sua face alongada nas flores em busca de pólen e néctar ficam repletos de pólen, ajudando assim na fecundação das plantas.
Dessas 180 espécies, somente três são hematófagas (Desmodus rotundus, Diphylla ecaudata e Diaemus youngi), ou seja, se alimentam de sangue e estão restritas ao continente americano. Os morcegos sanguívoros apresentam características únicas relacionadas ao hábito alimentar com incisivos superiores longos e altamente cortantes, saliva com substância anticoagulante, lábio inferior e língua sulcados, o que facilita a tomada de alimento. O morcego D. rotundus alimenta-se, principalmente, do sangue de mamíferos de grande porte, mas em função da produção em larga escala de gado, a espécie passou a incluir em sua dieta sangue de animais de criação, como bovinos, equinos e suínos e, ocasionalmente seres humanos, cachorros e aves. Ele é considerado o principal vetor silvestre da raiva e também está envolvido na transmissão da raiva humana, embora o potencial transmissor da doença para seres humanos, a partir dos morcegos, seja baixo. Diphylla ecaudata e Diaemus youngi preferem o sangue das aves e apesar de estarem amplamente distribuídas são consideradas pouco abundantes.
Morcegos e raiva – Todos os mamíferos são suscetíveis ao vírus da raiva e, portanto, podem transmití-la. Assim como cães e gatos domésticos, os morcegos e outros mamíferos silvestres como macacos, guaxinins, cachorros-do-mato, também podem ser potenciais transmissores do vírus da raiva, uma zoonose viral que ataca o sistema nervoso, mas os sintomas diferem entre animais e humanos. Em relação aos morcegos, apesar de terem hábitos crepúsculo-noturno, podem ser encontrados durante o dia, em hora e locais não habituais.
Considerando os animais silvestres, há poucos estudos sobre o período de transmissibilidade, que pode variar de acordo com a espécie. Por exemplo, os quirópteros podem albergar o vírus por longo período, sem sintomatologia aparente. A transmissão da raiva se dá pela penetração do vírus contido na saliva do animal infectado, principalmente pela mordedura, arranhadura, lambedura de mucosas.
Em caso de acidente com morcegos as medidas a serem adotadas podem ser conferidas no ‘Blog da Saúde’ (Governo Federal) ou ainda no Disque 136.