MSc. Fábio Medeiros da Costa.
Nos últimos cinco anos temos observado no Brasil o constante crescimento de doenças transmitidas por vetores. Tivemos epidemias de dengue, zika, chicungunya e febre amarela em boa parte do país. Na região Norte a malária voltou a crescer e casos foram registrados no Espírito Santo. Casos de leishmanioses visceral e cutânea também foram crescentes. Além disso, casos de doença de Chagas aguda em contaminação do açaí com fezes de barbeiros.
Quando se fala na biologia dos vetores e dos parasitas que estes transmitem é preciso olhar o panorama dessas doenças sobre diversos aspectos socioambientais. Em anos anteriores o país teve crescimento econômico e aumento de poder aquisitivo fazendo com que pessoas pudessem viajar entre diversas regiões.
O Brasil recebeu milhões de visitantes estrangeiros ao sediar Olimpíadas e Copa do Mundo de Futebol. Houve também aumento de desmatamento e expansão de cidades de forma desordenada. Assim, um número cada vez maior de pessoas está em contato com os vetores e carreando parasitos para diferentes regiões e países e vice-versa.
Existem negligências das pessoas já que não cuidam dos seus quintais, com a deposição inadequada do lixo, com os cuidados com recipientes servíveis para armazenamento de água, construções de casas em locais irregulares, consumo de produtos florestais sem higiene adequada e não adotam medidas de proteção individuais (repelentes, roupas longas e mosquiteiros, por exemplo).
No mesmo caminho, diversas Prefeituras e Estados fracassaram nos serviços de vigilância entomológica e controle vetorial. Tais fatos são possíveis de ser ilustrados pelo simples fato de que essas vigilâncias, quando existentes, estão trabalhando mais para “apagar incêndios” do que na prevenção efetiva. Ou seja, quando as doenças já têm atingido grande parte da população e se tornado epidemias.
Percorrendo o país, é notório o despreparo de muitas Prefeituras para lidar com esses problemas. Muitas não possuem equipamentos, insumos e nem pessoal qualificado para atuar. Muitas vezes requerem ajuda dos Governos Estaduais e até do Federal para realizar investigações entomoepidemiológicas e proceder com o controle efetivo dos vetores.
Os setores de endemias na maioria dos municípios ou não existem ou estão em situações precárias. Possuem equipamentos e veículos sucateados, falta de insumos para trabalhar e os poucos profissionais que atuam muitas vezes estão despreparados para atuar em suas funções. Noutros, há profissionais que possuem importante conhecimento técnico, porém, já em processo de aposentadoria. O municípios seguem assim sem perspectivas no controle das doenças transmitidas por vetores e a população desamparada.
É válido registrar que há municípios em que se registram importantes avanços nesse campo. Porém, a grande maioria é carente de investimentos e de gestão adequada dos recursos, de modo a proteger efetivamente a população exposta.
Dessa forma, é notório que grandes e importantes investimentos precisam ser feitos pelas gestões públicas municipais com relação a aquisição de equipamentos e insumos, contratar e qualificar melhor os profissionais para atuar na linha de frente no controle vetorial. Além disso, investir em campanhas de Educação em Saúde junto a população com fins de prevenção e cuidados individuais, bem como fazer valer os mecanismos legais existentes para obrigar as pessoas e empresas a adotar medidas que evitem a proliferação de vetores e transmissão de doenças.