A explosão de casos de dengue em Minas vai levar o governo a decretar emergência nos próximos dias. No primeiro trimestre do ano, nada menos que 81.456 registros foram contabilizados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), crescimento de 813% em relação ao mesmo período de 2018 (8.915).
Neste ano, sete mortes causadas pela doença já foram confirmadas no Estado: em Arcos (região Centro-Oeste), Betim (Grande BH), Uberlândia (Triângulo) e Paracatu e Unaí (Noroeste). Outros 29 óbitos estão em investigação.
A SES não detalhou como será o decreto. Em nota, confirmou que o documento está sendo elaborado e que será amplamente divulgado.
Coordenadora do curso de enfermagem das Faculdades Promove, a professora Débora Gomes Pinto observa que o aumento expressivo de casos pode estar ligado a uma acomodação da população. “É como se todo mundo tivesse desligado o alerta para a doença”, diz, ressaltando que o mosquito transmissor da doença não precisa de muita água para se reproduzir e que qualquer descuido pode permitir o surgimento de novos criadouros dentro de casa.
Em caso de decretação de estado de emergência, afirma Débora, todas as unidades de saúde de Minas Gerais, incluindo os hospitais, entram em alerta. “A dengue tem quatro subtipos, com sintomas diferentes, que em alguns casos pode causar até mesmo hemorragia”, destaca a coordenadora.
Reflexos
O crescimento das notificações, afirma a professora, também pode estar relacionado ao desequilíbrio ambiental causado pelo rompimento da barragem da Mina do Feijão, em 25 janeiro, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
Débora Gomes explica que os predadores naturais dos mosquitos desaparecem em situações de desastre com impacto direto na natureza. Assim, o reflexo é a proliferação descontrolada dos vetores que normalmente chegam aos grandes centros.
“Há pouco mais de três anos aconteceu o mesmo após a tragédia de Mariana (novembro de 2015). Os números não mentem”, destaca a professora das Faculdades Promove.
Em 2016, um ano após o rompimento da Barragem de Fundão, Minas registrou 519.050 casos de dengue. Um aumento de 167% em relação a 2015, segundo dados da SES.
Combate
Somente em Belo Horizonte e apenas de janeiro a março, 2.398 ocorrências da doença já foram confirmadas e mais de 7 mil estão sob investigação, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA).
O Barreiro lidera o ranking com 543 registros, seguido pela regional Nordeste, que tem 339, e Oeste, com 307. A região Centro-Sul é a que concentra o menor número de casos no período: 63.
Subsecretário de Promoção e Vigilância à Saúde da SMSA, Fabiano Pimenta explica que as ações intersetoriais para combater os focos do mosquito estão sendo fortalecidas desde outubro do ano passado.
“Os trabalhos envolvem a Guarda Municipal, Limpeza Urbana, Defesa Civil e a ação de cerca de 1.500 agentes que visitam cada residência da capital em busca de focos do Aedes”, afirma Fabiano Pimenta.