Atividades e obrigações municipais no manejo e controle de vetores

5 min. leitura
agente - Pragas e Eventos
Agentes da Vigilância de Araraquara estão encontrando dificuldades para fazer vistoria de criadouros do mosquito da dengue (Foto: Paulo Chiari/EPTV)

As atividades Municipais de controle da Dengue nada mais são do que a aplicação do Manejo Integrado de Vetores, ou seja, inspecionar um ambiente, identificar as fases do vetor, que geralmente são através de pesquisa larvária e definir o tipo de controle a ser usado para cada caso.

O sucesso de um Programa de Controle de Vetores é sem dúvida o Manejo Integrado e no caso da Dengue este vetor é um mosquito, logo as equipes precisam de conhecimento básico do ciclo de vida, seus hábitos e habitat, para a partir daí utilizar os métodos para seu controle, todas essas  atividades são especificas da área de entomologia, porém sem nenhum profissional técnico atuando, a maioria dos Municípios possuem apenas profissionais de outras áreas nas coordenações administrativas, e os Estados fornecem suporte centralizado atuando apenas em demandas de emergência nos casos de epidemias o que não se torna efetivo, uma vez que atividades de controle devem ser feitas como prevenção.

Nesse caso como esperar resultados com profissionais que não detém capacidade técnica para as atividades que realizam?

Quando os serviços de Controle de Vetores foram descentralizados pela FUNASA os Municípios foram orientados a contratar equipes técnicas multidisciplinares, inclusive trazendo em suas normativas a necessidade de um responsável técnico além dos administradores dos serviços, no entanto a realidade é apenas contratação de agentes de endemias, sem necessidade de curso técnico na área.

A entomologia de campo é a peça que falta para o controle efetivo de mosquitos que hoje são os grandes desafios da Saúde Pública, assim como outras áreas tem seus profissionais inseridos há uma necessidade explicita de avaliação dos gestores para a inserção dos profissionais da entomologia em seus serviços de controle de vetores, estes além de capacitar as equipes de campo realizarão o monitoramento dessas espécies a níveis que garantam a segurança da saúde da população, uma vez que novos vírus estão sendo introduzidos por transmissão desses vetores.

Trata-se de Dinâmica de Populações, quando uma espécie não encontra nenhum obstáculo para sua reprodução e o ciclo de vida ela se torna desordenada, causando incômodos e danos a outras espécies, ou seja, os mosquitos hoje encontram cada vez mais locais para seu desenvolvimento graças aos hábitos de vida da espécie humana, além de não encontrar no meio urbano nenhum predador natural, deixando sua espécie livre para se reproduzir continuamente, isso graças ao uso indiscriminado de inseticidas que eliminam todas as outras espécies enquanto o mosquito este protegido dentro das residências.

Apesar de todos os estudos e publicações apontarem o Manejo Integrado de Vetores como ação e o uso de inseticida como última escolha, a falta de conhecimento técnico nos serviços tem usado  ao longo de décadas o controle químico emergencial como atividade mais frequentes nos Municípios, quando a falta de ações de prevenção continuas leva a epidemias tendo como única alternativa o famoso FUMACÊ, ou seja a dispersão de uma nuvem de inseticida para eliminar os mosquitos adultos, o que traz uma sensação de segurança para a população, que entende que o necessário está sendo feito, quando na verdade o uso dessa estratégia de controle nunca deveria ser necessário, por ser ineficaz da forma que é realizada, pois se a gotícula do produto não atingir imediatamente este inseto ele não é eliminado, e nos horários que se está utilizando a maioria das casas estão fechadas com os mosquitos protegidos em seu interior.

Essa analise infelizmente não é realizada por falta de conhecimento e o inseticida usado acaba eliminando outras espécies benéficas, além de causar problemas respiratórios as pessoas suscetíveis e contaminação do meio ambiente.

Nesse sentido existe uma série de atividades sendo desenvolvidas sem a aplicação técnica e oportuna das ferramentas disponíveis, ações que se tornariam mais eficazes e menos onerosas não estão sendo realizadas por falta de profissionais específicos desta área.


Compartilhar
Leave a Comment