Com a chegada do verão, é necessário se ter ainda mais atenção para os cuidados com os animais. A temperatura quente favorece a proliferação de insetos que podem transmitir doenças graves para os mascotes e os seres humanos. Este é o caso da leishmaniose, uma infecção parasitária que, se não for controlada, pode se tonar um sério problema para a saúde pública.
A leishmaniose é uma doença causada por um protozoário, um microrganismo. O contágio ocorre exclusivamente por meio de seu vetor, o mosquito palha – inseto pequeno e que recebe este nome por ter uma coloração que se assemelha à palha. Isso significa que o mascote infectado não transmite a doença diretamente, mas se torna uma fonte de infecção.
Apesar de ser mais comum em cães, também é possível encontrar a doença em gatos e cavalos. O professor e coordenador do curso de medicina Veterinária da Universidade Feevale, Matheus Nunes Weber, explica que muitas vezes os mascotes contaminados pela patologia se tornam assintomáticos. Dessa forma, torna-se mais difícil de identificar a doença. Por isso, se faz necessária a constante atenção para o quadro de saúde dos pets, observando as alterações que surgirem.
Sintomas
Alguns animais contaminados acabam perdendo muito peso e desenvolvendo fraqueza. Com os cães, também é possível observar um crescimento exagerado de suas unhas, o surgimento de manchas na pele e perda de pelo ao redor dos olhos. Em casos mais graves, a leishmaniose pode atingir diferentes órgãos, como fígado e baço, e levar o animal à morte.
Se houver suspeita de contaminação, é fundamental que o tutor busque um veterinário para verificar a existência ou não da doença. Havendo a presença do mosquito no ambiente, ela pode se tornar altamente contagiante. Sendo um vetor, o inseto pica o indivíduo com leishmaniose e, em seguida, pode contaminar outros pets e seres humanos.
É por isto que, se comprovada a infecção, de imediato o médico veterinário deverá informar os órgãos responsáveis, para que seja realizado o monitoramento da presença da patologia na região.
Nos seres humanos, a doença pode se apresentar de duas formas: a cutânea, que tende a causar lesões na pele e gerar deformações, e a visceral, que, como o nome já sugere, pode afetar as vísceras do paciente, como o fígado e o baço. Para os animais, a segunda é mais comum.
O grande vilão da história é o mosquito
Até 2008 não havia nenhum tratamento indicado para os mascotes portadores de leishmaniose. Para receitar a medicação indicada, o veterinário necessita solicitar liberação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento antes de fazer a compra.
Atenção: o remédio disponível para o tratamento em animais não é o mesmo utilizado em humanos. Se utilizados de forma desenfreada, os medicamentos podem colaborar para o surgimento de variantes da patologia mais resistentes.
Antes, devido ao alto grau de perigo da doença, quando havia o diagnóstico nos animais, a recomendação era sempre de que eles fossem sacrificados. De acordo com Matheus, a medida segue como uma indicação do Ministério da Saúde. Ele fala que alguns veterinários ainda optam pelo sacrifício pois, apesar de o tratamento melhorar sua condição de saúde, ainda há riscos de o mascote seguir sendo uma fonte de contágio. Por isso, cuidados são necessários, alerta o professor:
– O mais importante de se ter em mente é que o grande vilão da história é o mosquito, e muitas vezes são os seres humanos que facilitam a proliferação do inseto. Assim como nós, os animais também são vítimas – comenta, ao dizer que é fundamental que os tutores tomem medidas para evitar a proliferação dos mosquitos.
Para finalizar, ele indica que, quando a contaminação for confirmada, se faz necessário que o anima tenha um acompanhamento contínuo com um veterinário. Também, é preciso manter o pet longe de ambientes propícios ao contato com o mosquito, utilizando, por exemplo, telas de proteção contra insetos e coleiras repelentes.
Produção: Émerson Santos