Acidentes com animais peçonhentos aumentam entre outubro e março, no Paraná

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enxame abelha - Pragas e Eventos

Os acidentes com animais peçonhentos costumam ocorrer mais entre os meses de outubro e março – não só porque os animais saem mais dos locais de repouso, mas também porque os humanos, mesmo sem perceber, adotam esse mesmo comportamento.

“É mais comum em épocas quentes no verão e primavera a gente sair mais das nossas casas, Às vezes limpar um terreno vazio, arrumar o quintal e também questões de lazer, e isso vai expô-lo mais a acidentes”, diz o médico plantonista Edmarlon Girotto.

Um enxame de abelhas no galho de uma árvore na Universidade Estadual de Londrina (UEL), no norte do Paraná, exposto ao vento e chuva, não é a condição ideal. O professor do Departamento de Biologia Animal da UEL explica que, no caso desse enxame, abelhas abatedoras estão procurando um local onde a colmeia possa se instalar. Essa procura costuma demorar de três a cinco dias.

“Cada vez mais essas abelhas estão se aproximando das pessoas e aí você tem um processo que pode acontecer ferroadas com essas abelhas e, ao mesmo tempo, isso pode levar até um agravo maior”, diz João Zequi, professor e pesquisador da UEL.

O técnico de laboratório Aparecido de Souza conta que em um desses dias mais quentes ele fazia um trabalho de campo, com alguns professores, e ao descer uma trilha, já perto de um rio, veio a primeira de muitas ferroadas.

“Senti uma picada no braço, pensei que fosse um inseto, aí acabei apertando, aí vieram várias, né. A partir disso, nós estávamos em quatro pessoas, todos foram atacados, a sorte que a gente estava há seis metros do rio e, a partir disso, entramos no rio e ficamos a tarde toda, porque a gente não conseguia voltar para pegar o material, só conseguimos voltar à noite, meio escurinho porque elas estavam muito nervosas”, afirma Souza.

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Enxame de abelhas no galho de uma árvore na Universidade Estadual de Londrina (UEL) — Foto: Reprodução/RPC

O ataque também é uma das características dos escorpiões quando se sentem ameaçados.

João Vitor de Oliveira, mestre em biodiversidade, é um pesquisador dos escorpiões amarelos: venenosos e mais comuns no norte do estado, tanto na zona rural quanto na urbana. Na dissertação de mestrado, ele pode comprovar que, nos últimos tempos, as situações ocorrem com mais intensidade nos centros urbanos.

Em 2011, dois pontos haviam registro de escorpião amarelo em Londrina. Com o passar dos anos houve a proliferação do escorpião, que agora pode ser encontrado em praticamente todas as regiões da cidade.

“Ele se reproduz com muita facilidade. Ele vive cerca de cinco anos, com um ano ele já atinge a maturidade sexual. A fêmea vai se reproduzir cerca de duas vezes por ano e em cada ninhada ela chega a parir cerca de 27 filhos, uma média de 23. Então, por conta dessa estratégia reprodutiva, esse animal consegue se proliferar muito rápido dentro da cidade”, explica Oliveira.

Os ataques de escorpião amarelo também aumentaram, de acordo com dados do Sistema de Notificação de Animais Peçonhentos (Sinap).

Enquanto em 2011 eram praticamente inexistentes em Londrina, de primeiro de janeiro de 2018 a 31 de dezembro de 2019, foram registrados 578 acidentes – sendo 547 classificados como leves, 18 moderados e 13 não informados. Em Londrina, não há registro de mortes.

Muitas dessas vítimas acabaram sendo atendidas no Centro de Informações e Assistência Toxicológica (Ciatox), do Hospital Universitário de Londrina, que atende praticamente todo o estado.

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Os ataques de escorpião amarelo também aumentaram, de acordo com dados do Sinap — Foto: Reprodução/RPC

De todos os atendimentos feitos no ano passado na unidade:

  • 42,26% foram provocados por escorpião;
  • 27,31% por aranha;
  • 12,81% por lagarta;
  • 6,7% por abelhas;
  • 2,06% por cobras.

As cobras e lagartas costumam provocar mais acidentes na zona rural. Já os escorpiões, aranhas e abelhas nos centros urbanos.

Contudo, para todos esses animais peçonhentos valem as mesmas orientações em caso de acidentes:

  1. Lave o local da picada com água e sabão. Não misture com outro produto.
  2. Procure atendimento médico. Não espere para ver se haverá algum tipo de reação no corpo.
  3. Se for possível, tire foto do animal para que os médicos definam mais rapidamente qual tipo de soro vai combater o veneno que foi injetado na vítima.

Fonte: G1

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