O aumento explosivo de casos de dengue no Distrito Federal tem assustado os brasilienses. O Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) mostra que, até 13 de agosto deste ano, foram registrados 63,8 mil casos prováveis de dengue, quantidade 410,3% maior que o mesmo período do ano passado, com 17,4 mil casos. Para frear os números, equipes do Núcleo de Vigilância Ambiental promoveram na Estrutural uma ação de combate ao Aedes aegypti, na manhã da última sexta-feira.
Caroline Fraga, 19 anos, está nas estatísticas deste ano. A moradora de Ceilândia, cidade com o maior número de casos no DF — 10.351 — contraiu dengue na última semana, assim como mais duas pessoas da casa dela. A suspeita da jovem é de que o foco seja na casa de um vizinho, que acumula entulhos. “O pessoal da vigilância vem sempre e dá um jeito, mas tem muita planta onde a água fica parada, pneu velho, lixo”, contou.
Com sintomas leves, essa é a segunda vez que Caroline contrai dengue este ano. “Eu fiquei com medo porque dizem que da segunda vez é pior, mas estou bem. Só tenho febre leve, dor no corpo e de cabeça”, relata. Se comparadas as estatísticas deste ano com o mesmo período de 2021, os casos de dengue em Ceilândia aumentaram de 1.093 para 10,3 mil, um aumento de 849.3%.
De acordo com Adele Vasconcelos, médica intensivista do Hospital Santa Marta, o crescimento no número de casos se deve a um misto de fatores já esperado pelas autoridades da saúde. “A gente já vinha se preparando para essa onda junto com a Secretaria de Saúde reunindo todos os hospitais e os coordenadores de emergência, diretores de hospitais”, explica.
Segundo a médica, dois dos fatores contribuíram para o aumento: o clima (ano muito chuvoso) e a questão da subnotificação. “A gente teve no período da pandemia de isolamento das pessoas dentro de casa, isso fez com que elas parassem de circular, fazendo com que as pessoas adoecessem menos, não só de dengue. E eu também acredito que os casos leves não foram procurar o hospital”, explica.
Adele Vasconcelos enfatiza que o combate à dengue começa pela prevenção, com cuidados que a população deve estar atenta como, por exemplo, não ter água parada em casa. “É importante prevenir que os ovos não sejam depositados porque, no Brasil, o clima é muito favorável para a dengue. Então basta que fique chovendo bastante, ter um ano mais chuvoso, que a gente acaba tendo mais casos de dengue também”, aponta.
Segundo a especialista, apesar de não ser uma doença com a taxa de letalidade alta, ainda causa impactos na sociedade. “Não tem tantas internações quanto covid, mas é uma doença com um potencial de letalidade, então a gente tem que se preocupar.” Os cuidados são ingerir muita água e não deixar de procurar o hospital caso persista com febre alta mais de três a cinco dias. “É a hidratação que vai fazer você não desenvolver casos graves, a desidratação é o maior complicador da dengue.”
A estudante Karen Josias de Souza, 21, chegou a ser internada por causa do quadro de desidratação. “Eu já estava desidratada quando peguei dengue, mas não tratei e fiquei bem mal com a dengue”, relata a jovem que ficou três dias no hospital para se recuperar. “Foi um descuido meu e aí precisei ficar tomando soro. Não recomendo para ninguém essa sensação. Fiquei pior do que quando peguei covid-19”, confessa.
Apesar do aumento no número de casos, a quantidade de mortes está estável neste ano, em relação a 2021. No ano passado, a SES-DF registrou 10 óbitos de dengue até o dia 13 de agosto. No mesmo período de 2022, a Secretaria notificou 11 mortes por complicações da doença.