Pragas & Eventos – Quais as razões pela escolha desse campo do conhecimento da Biologia e Qual é a importância de estudar a ecologia de vetores?
MSc. Fábio Costa: Os artigos publicados pelo nosso grupo estão concentrados nas áreas da ecologia e no controle de mosquitos, pois precisamos entender, inicialmente, como os vetores se comportam no ambiente para planejarmos as ações de controle. Toda a ação de controle populacional de mosquitos precede uma avaliação sobre a composição das espécies e como elas estão se relacionando com os ambientes domiciliares e os seres humanos.
Pragas & Eventos: Recentemente seu grupo de pesquisa tem publicado diversos trabalhos com um gênero, os Mansonia, que diferente de outros mosquitos, não estão associados à transmissão de patógenos aos humanos no Brasil. Por que os Mansonia se tornaram importantes que chamou a atenção de vocês para estudá-los?
MSc. Fábio Costa: Mansonia foi o grupo de mosquitos que ao longo dos tempos, por não serem importantes vetores, tem sido negligenciado nos programas de monitoramento de culicídeos. Com as constantes mudanças ambientais provocadas pelos humanos, o que chamamos de antropização do ambiente, esse grupo tem se beneficiado, pois o aumento das fontes alimentares disponíveis, principalmente perto dos criadouros (áreas com água estagnada e vegetação aquática flutuante abundante), favorece o crescimento populacional desse gênero. Trata-se de mosquitos com comportamentos hematofágicos muito agressivos, que causa muito incômodo às pessoas e aos animais domésticos. Isso tem chamado a atenção das autoridades sanitárias e ambientais para buscar soluções a fim de viabilizar o controle. Contudo, não há produtos químicos (inseticidas) e nem protocolos específicos para esses mosquitos. E nós estamos tentando entender os comportamentos desse grupo peculiar de mosquitos e encontrar as alternativas mais viáveis no seu controle.
Pragas & Eventos: O que vocês têm pesquisado sobre o controle de Mansonia?
MSc. Fábio Costa: Nós pesquisamos a dinâmica das larvas e os larvicidas que podem ser adicionados na água dos criadouros, e que não poluem o meio ambiente, os chamados biolarvicidas, que são compostos por bactérias que naturalmente afetam esses insetos. Já para as formas adultas, temos observado inicialmente a forma como as fêmeas chegam até os domicílios ou como tentam dar picadas nas pessoas. Neste foco, estamos trabalhando com os inseticidas já registrados em Saúde Pública para programas de controle de mosquitos. Estamos tentando entender as concentrações e a persistência ou residualidade das moléculas inseticidas e sua eficácia contra os Mansonia. Temos, ainda, inovações com pesquisas utilizando mosquiteiros impregnados de longa duração (MILDs), roupas impregnadas e repelentes.
Pragas & Eventos: Trabalhos como esse do Mansonia podem gerar vários novos estudos ou desdobramentos. Quais as possibilidades de estudos adicionais a partir dessa publicação?
MSc. Fábio Costa: Os resultados destes estudos poderão compor novos protocolos de controle específicos para Mansonia. Os profissionais que atuam no controle terão melhores informações para compor as suas tomadas de decisões, quando o problema em um certo lugar for causado por Mansonia. Vislumbramos o uso de novas moléculas inseticidas, especialmente as que forem indicadas nos programas de saúde pública.
Pragas & Eventos: Aprendemos que Mansonia é uma fauna pouca estudada. Existe a possibilidade de dar continuidade a projetos que contemplem os Mansonia? Há muito por descobrir ainda?
MSc. Fábio Costa: Temos a intenção de expandir e aprofundar as nossas pesquisas. Pretendemos conseguir patrocinadores para os nossos trabalhos e colocarmos mais conhecimento neste campo, o que certamente se constituirão em melhoria na qualidade de vida das pessoas.
Atualmente é gerente e consultor na Oikos Consultoria e Projetos, em Porto Velho, Rondônia.
Também é colunista no portal Pragas & Eventos, na sessão Saúde Pública.
Link para o currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/5201381014578870
