Como tudo na vida possui dois lados, pode-se dizer que a pandemia tem contribuindo positivamente para a evolução de muitas áreas profissionais. Um grande destaque está relacionado às empresas que conseguiram acompanhar o desenrolar deste momento único e buscaram atuar na área de prevenção à contaminação pelo COVID-19. Equipamentos, produtos químicos, procedimentos e protocolos de sanitização foram sendo criados e validados quase que automaticamente, tamanha a urgência de se controlar os danos causados pelo novo coronavírus.
Um setor proeminente e que ainda está no centro de grandes discussões técnicas e de ordem da saúde é o de utilização da luz UV-C para descontaminação de ambientes e superfícies. Mesmo sendo uma prática antiga utilizada na desinfecção da água, a utilização da luz UV-C recebeu holofotes durante a pandemia pois, ao ter sua utilidade redirecionada para a esterilização de vírus e bactérias de uma maneira mais acessível à população, tornou-se uma esperança de melhoria para o cenário atual e, ao mesmo tempo, uma fonte de preocupação.
Em tempos em que a velocidade da informação muitas vezes supera a sua confirmação, é importante trazer à tona aquilo que há de comprovado sobre a luz UV-C:
A luz UV-C mata o covid-19
VERDADE – O termo matar é utilizado no jargão popular e o correto, cientificamente falando, é que a luz UV-C esteriliza o vírus do COVID-19. Esterilizar nada mais é do que alterar o DNA do vírus e impedir que ele se reproduza. Com efeito, isso irá interromper a proliferação do vírus e, consequentemente, o ciclo de contaminação.
Também é importante ressaltar que, para cada vírus ou bactéria há um tempo determinado para que ele seja exposto à luz UV-C e assim esterilizado. Fabricantes sérios orientam sobre isso em seus manuais de instrução.
A luz UV-C causa câncer e cegueira
MITO – Não há evidencias que a luz UV-C por si só cause câncer em humanos. Embora lâmpadas de mercúrio baixa pressão sejam identificadas como potencialmente cancerígenas, o risco de câncer de pele é significadamente menor do que em outras fontes, por exemplo a luz solar. Já a dúvida gerada em torno da cegueira é que a luz UV-C causa fotoceratite, uma inflação dolorosa que se assemelha a esfregar areia nos olhos. Essa inflamação demora 24 horas para aparecer e outras 24 horas para diminuir. O importante neste caso é operar a luz UV-C com cuidado e responsabilidade, sempre munido dos EPIs e seguindo as diretrizes de segurança para contenção de todo e qualquer risco.
A luz UV-C perde potência com o tempo
VERDADE – Com o tempo e a quantidade de uso a luz UV-C vai perdendo sua potência e consequentemente a sua capacidade de esterilização nos tempos determinados. Para maior segurança do usuário é necessária a substituição da lâmpada a cada 7500 horas de uso.
A luz UV-C é suficiente descontaminar todo o tipo de ambiente
MITO – Uma superfície ou ambiente só é descontaminado pela luz UV-C se ele efetivamente recebeu a dose de luz necessária para inativação dos microrganismos. Por isso a importância de adquirir produtos de empresas confiáveis e que forneçam instruções detalhadas sobre a utilização. Ambientes grandes ou com muitas barreiras, a esterilização pela luz UV-C deverá ser repetida várias vezes, trocando o equipamento de posição. Locais onde a luz não atinge não serão esterilizados e, com isso, outros métodos de sanitização deverão ser utilizados.
Equipamentos com luz UV-C não são aprovados pela ANVISA
DESAFIO – Os equipamentos com luz UV-C, quando não utilizados na área da saúde, não são regulados pela ANVISA, contudo, como trata-se de uma autarquia de respeito que preza pelo bem-estar da população, a ANVISA está criando meios de “moralizar” a entrada, fabricação e comercialização de equipamentos que utilizam a luz UV-C afim de que todos os protocolos de segurança sejam seguidos e que as informações quanto à utilização sejam disponibilizadas aos usuários de forma clara e objetivo, contendo todas as ressalvas e alertas necessários.
Diante de todo o exposto, é certo afirmar que a utilização da luz UV-C é um assunto que está longe de ser encerrado. A preocupação e as considerações da ANIVSA estão chegando num momento oportuno de valorização da ciência e das pesquisas científicas com a finalidade de criar-se um ambiente seguro para todas as pessoas. As validações técnico-científicas que estão sendo publicadas quase que diariamente estão contribuindo efetivamente para evolução das práticas de sanitização, que com certeza a partir de agora farão parte da rotina diária de todos.
Autor: Eng.º Marcelo Batista Pereira
CEO da Ultralight Ind. e Com. Ltda.
Bariri, 30/10/2020