O Paraná já teve 5.624 pessoas picadas por aranhas entre janeiro e setembro deste ano, 1.236 por abelhas e 924 por escorpiões em casos registrados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). A Sesa emitiu um alerta sobre acidentes com animais peçonhentos, para que as pessoas, caso sejam picadas, procurem auxílio imediatamente. O governo do Paraná mantém em Curitiba o Centro de Controle de Envenenamentos do Paraná (CCE). O serviço tem atendimento 24 horas pelo telefone 0800 410 148 e está disponível para orientar a população e profissionais de saúde. No total, foram 9.851 acidentes com animais peçonhentos no Estado entre janeiro e setembro deste ano, o que daria uma média de 35 casos por dia. Os casos tendem a aumentar com a chegada do clima mais quente.
Curitiba lidera as estatísticas, com 618 picadas de aranha, 57 de escorpião e 106 de abelha entre janeiro e setembro. No interior, os maiores números de picadas de aranha foram registrados em Foz do Iguaçu, no Oeste do Estado (129 pessoas picadas entre janeiro e setembro), Irati, na região central (125), e Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba (109). Em Colorado, foram 52 picadas de escorpião, e em Maringá, 48. Foz do Iguaçu teve registrados 53 casos de picadas de abelha, e Cascavel, também no Oeste do estado, 44. Em Apuracana, foram 36 ocorrências.
Uma das orientações é não acumular entulhos e lixo, o que facilita o esconderijo e a proliferação desses animais. A superintendente de Vigilância em Saúde, Júlia Cordelini, chama a atenção para o risco a que estão sujeitos principalmente crianças e idosos. “As crianças são mais sensíveis à toxidade do veneno pela baixa massa corpórea e os idosos por sua fragilidade física. No entanto, o risco aos acidentes é comum para todos, o que demanda cuidados e prevenção”, afirma ela.
Rapidez
A agilidade em administrar o soro antiveneno em acidentes com animais peçonhentos pode fazer a diferença entre a vida e a morte, alerta a chefe da Divisão de Vigilância em Zoonoses e Intoxicações da Sesa, Tânia Portella Costa. “A orientação fornecida por telefone pode auxiliar na identificação da gravidade do caso e indicar o melhor encaminhamento”, explicou. Os centros de informações e assistência em toxicologia, como o CCE, prestam atendimento em envenenamentos e fornecem consultoria em urgências toxicológicas, animais peçonhentos e venenosos pelo plantão telefônico 24 horas.
Esse suporte auxilia os profissionais de saúde no diagnóstico e tratamento além de fornecer informações gerais e de prevenção para a população. No Paraná, os antivenenos estão disponíveis na rede de saúde através das 22 regionais da Sesa. Ao todo, existem 212 centros de referência para aplicação dos soros.
Além de aranhas, escorpiões e abelhas, a Sesa também tem dados sobre acidentes com serpentes e lagartas. Foram 670 com serpentes em todo o Estado entre janeiro e setembro (a cidade com mais casos foi Araucária: 11); 681 com lagartas (57 em Curitiba) e 561 com outros animais. Em 2016, o Paraná registrou mais de 14 mil acidentes com animais peçonhentos, sendo que as picadas de escorpiões somaram 1.738 casos.
Escorpiões
No Paraná, existem vários tipos de escorpiões nativos, como o marrom (Tityus bahiensis, Tityus costatus, Ananteris sp) e o preto, do gênero Bothriurus, espécies que não apresentam acidentes graves. No entanto, a partir da década de 1980 foi introduzido no Estado o escorpião amarelo (Tityus serrulatus), espécie de maior periculosidade, sendo o principal causador dos óbitos, principalmente em crianças.
Segundo o biólogo Emanuel Marques da Silva, da Sesa, o escorpião amarelo é uma espécie que se reproduz com rapidez. “É uma espécie generalista, com grande capacidade de adaptação a ambientes alterados, como os ambientes domiciliares e seu entorno. A presença de apenas um exemplar pode provocar a infestação, porque a fêmea se reproduz de forma assexuada (partenogênose), sem a necessidade do macho”.
A espécie prefere se proteger em ambientes quentes e úmidos, saindo para caçar e se alimentar. No ambiente domiciliar o escorpião amarelo se abriga sob madeiras velhas, lenha, telhas, tijolos, restos de construção, entulhos e principalmente frestas em calçadas, muros e paredes. “O lixo domiciliar mal acondicionado, restos de alimentos e sujeira nos domicílios atraem insetos que são alimento dos escorpiões. Dessa forma, estes animais têm abrigo, alimento e água no entorno das habitações”, afirmou o biólogo.
Precauções
– Use calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem
– Examine calçados e roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-las
– Afaste camas e berços das paredes
-Não deixe que lençóis ou cobertores sobre a cama e berço encostem no chão. Aranhas e escorpiões podem utilizá-los como apoio para subir e se abrigar entre tecidos e travesseiros
– Não acumule lixo orgânico, entulhos e materiais de construção
– Vede frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés
– Utilize telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos
– Mantenha limpos os locais próximos das residências, jardins, quintais, paióis e celeiros
– Em caso de dúvidas, ligue para o telefone 0800 410148 (Centro de Controle de Envenenamentos do Paraná).