Moradias da Ilha de Santana, comunidade ribeirinha na foz do Rio Amazonas, no Amapá, foram escolhidas para um estudo que testa a eficácia de uma tinta com inseticida, criada na Espanha, que pode matar dois principais vetores de doenças da região: os mosquitos Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika vírus e chikungunya, e o Anopheles, transmissor da malária.
Nos últimos dois meses foram 18 casas monitoradas pelo Instituto de Pesquisas Científicas do Amapá (Iepa). O produto, passou por testes, e não faz mal aos moradores. A tinta é aplicada na parede e, em seguida, a equipe monitora os mosquitos.
A análise é feita com pequenos cones colocados nas paredes. Depois, mosquitos criados em laboratório, são retirados de uma gaiola e inseridos nos cones. Parte deles, não têm contato com a parede, e uma parte pousa na parede com inseticida.
“A tinta tem um efeito por contato. O mosquito precisa passar um tempo em contato com essa residência. E é o que acontece, tanto quanto com os Aedes aegypti que estão nas nossas casas como com os próprios Anopheles que vem para as casas se alimentar e depois repousar”, detalhou a pesquisadora Ana Paula Correia.
De forma preliminar, a mortalidade dos mosquitos supera os 80%. Após a aplicação da tinta na parede, ela tem uma durabilidade de até 1 ano. A pesquisa vai monitorar as casas por mais 11 meses.
“No começo selecionamos algumas casas e se a tinta for comprovada pode ser que cheguemos em mais casas. As pessoas dizem que a quantidade de mosquito está diminuindo e em outra vimos muitos mosquitos mortos na cama”, completa a pesquisadora Nercy Furtado.
Pesquisadora com mosquitos usados para análise da tinta — Foto: Wedson Castro/Rede Amazônica
O resultado deve ser encaminhado para aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Dessa maneira, a tinta com inseticida poderá ser usada frequentemente. A Ilha de Santana foi selecionada, por sempre ter casos de malária.
Em 2021, de 37 casos suspeitos, 4 deram positivos, segundo a Secretaria de Saúde de Santana.
“Essa tinta possui micropartículas de inseticida que são liberadas vagarosamente, eliminando desta forma o vetor”, explicou Plínio da Luz, coordenador de Vigilância em Saúde.