Após a Divisão de Vigilância Sanitária de Santarém, oeste do Pará, declarar situação de surto da doença de chagas na região, onde foram confirmados seis casos de contaminação após consumo de vinho de patauá (fruto da família do açaí), a Divisa volta a chamar atenção da população sobre a importância dos passos para uma higienização eficaz dos frutos, excluindo a possibilidade de transmissão da doença por alimentos.
A doença de chagas é uma inflamação causada por um parasita encontrado em fezes de insetos. A contaminação se dá quando há ingestão de frutos em que os insetos evacuaram. No caso da comunidade Cachoeira do Aruã, a suspeita é das fezes do barbeiro no fruto patauá.
A higienização de frutas como acerola, açaí, bacaba e patauá é um processo de várias etapas iniciando desde a colheita, como explica a médica veterinária Cristiane Barbas. “Depois da escolha do fruto, deve ser realizada mais três etapas que são as chamadas higienização, aquecimento e esfriamento”.
A etapa de higienização consiste no mergulho do fruto em cloreto de sódio ou agua sanitária. Posterior a isso, deve ser realizado o passo de branqueamento, que é o mergulho do fruto em água aquecida a 80ºC, por um período de 10 segundos. Após o aquecimento, os frutos devem ser mergulhados em agua potável fria. “Esse processo térmico destrói o protozoário que ocasiona a doença de chagas, o trypanosoma cruzi”, explica.
A veterinária ressalta que há “barbeiros” (insetos) que não estão contaminados. Por não ter a constatação, o processo a ser seguido pelos batedores de açaí é levar o inseto à sede do órgão para que seja realizado um exame. Além da disponibilidade da Vigilância Sanitária Municipal em investigar possíveis propagações, há um constante acompanhamento e cursos de manipulação ofertados à população.
“O que acontece muito é que as pessoas não conhecem o barbeiro, então dentro do curso é feito o trabalho de reconhecimento do inseto. As pessoas também pensam que a doença de chagas é transmitida apenas pelo açaí, mas não é. Taperebá, acerola e o patauá, que foi o fruto responsável pelo atual surto, podem estar contaminados”, frisou.
Origem do surto
Seis casos de doença de chagas foram confirmados na comunidade Cachoeira do Aruã, localizada na região do Rio Arapiuns, no último dia 18, após um agente de saúde perceber que uma família toda apresentava sintomas da enfermidade. O agente levou um dos membros da família a Santarém onde foi realizado um exame que confirmou a doença. Posteriormente, as outras cinco pessoas passaram pelo exame. O agente afirma que outras pessoas da comunidade também apresentam os sintomas.
Dados da Divisão de Vigilância Epidemiológica mostram que de janeiro a dezembro de 2016, o município de Santarém recebeu 112 notificações da doença de chagas. Destas, 102 foram descartadas e 10 confirmadas. Já em 2017, de janeiro até a segunda semana de setembro foram 47 casos notificados, 39 descartados e 8 confirmados.
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