Aumento alarmante de picadas de escorpião no DF

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Menina foi picada por escorpião de espécie Tityus Serrulatus, diz hospital — Foto: Tatiane Queiroz

De janeiro a maio deste ano, foram registradas 1.134 ocorrências, representando um aumento de 45%

O Distrito Federal continua a enfrentar um aumento preocupante no número de picadas de escorpião, com um aumento de 45% nas incidências. Segundo dados da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), de janeiro a maio deste ano foram registrados 1.134 casos, em comparação com 780 no mesmo período do ano anterior. Isso significa que aproximadamente sete pessoas são picadas por esses animais todos os dias. Em 2022, a média diária era de cerca de cinco picadas. Essas estatísticas foram levantadas pela Gerência de Vigilância das Doenças Imunopreveníveis e Transmissão Hídrica e Alimentar.

De acordo com a SES-DF, as regiões mais afetadas em 2023 são Planaltina, Ceilândia, Samambaia e Taguatinga. O caso mais recente ocorreu no Riacho Fundo I, quando um menino de 12 anos foi picado enquanto calçava suas chuteiras. Ele foi levado ao hospital e está se recuperando bem.

No ano passado, foram registrados 2.187 ataques de escorpião no Distrito Federal, sem nenhum óbito identificado. Em 2021, houve 2.019 incidentes e também não foram registradas mortes. Há oito anos, a média era de uma picada por dia. Há quatro anos, subiu para três casos diários e, desde então, continua a aumentar.

Segundo biólogos, existem vários fatores que contribuem para o aumento desses casos, como o crescimento desordenado da cidade, incluindo invasões e ocupação de áreas de reserva ambiental, além da falta de coleta diária de lixo, uma vez que os escorpiões se alimentam de baratas, moscas, aranhas e besouros.

A picada de escorpião causa dor e calor na área afetada, dormência, formigamento, sudorese e inchaço. Em casos mais graves, pode causar dificuldade respiratória, aumento da pressão arterial, taquicardia, arritmia, espasmos, visão turva, vômitos e náuseas. Se não tratada, a condição pode ser fatal.

Vale ressaltar que as picadas são mais perigosas para crianças e idosos devido à sua fragilidade natural. Crianças podem apresentar sintomas intensos de vômito, enquanto idosos podem sofrer de arritmia cardíaca. No entanto, pessoas com condições especiais, como sobrepeso, alergias e outras doenças, também correm risco de complicações.

Por esse motivo, Israel Moreira, biólogo da SES, explica que a secretaria realiza visitas regulares a locais onde há pessoas mais vulneráveis, como escolas, unidades de saúde e asilos. O aparecimento de escorpiões deve ser comunicado à Vigilância Ambiental pelos números 160 e 2017-1344 ou pelo e-mail [email protected].

Prevenção

No Distrito Federal, o escorpião amarelo é o mais comum, e caso um cidadão se depare com um deles, a recomendação é capturá-lo usando um pote e um papel por baixo, evitando o contato direto com o animal, e depois soltá-lo em um local distante, longe de residências.

Especialistas em biologia enfatizam a importância de não matar escorpiões, pois eles desempenham um papel importante no controle de outros animais, e o desaparecimento de muitos escorpiões pode levar a um desequilíbrio nas cadeias alimentares.

Todos os escorpiões são venenosos. Eles pertencem à classe dos aracnídeos e são predominantes em zonas tropicais e subtropicais, onde as temperaturas são mais altas e há maior umidade. As espécies mais comuns no Distrito Federal são o Tityus serrulatus, conhecido como escorpião amarelo, o Tityus fasciolatus, com patas listradas, e o Bothriurus araguayae, que é preto.

Eles vivem de dois a seis anos, e não há inseticidas que os matem. Para prevenir a aparição desses animais, a Secretaria de Saúde alerta para evitar o acúmulo de materiais que possam servir de abrigo, como restos de construção, entulho, madeira acumulada ou vegetação alta.

O escorpião injeta o veneno através da cauda, que possui um ferrão na ponta. Assim como aranhas, lacraias e serpentes, eles habitam locais escuros e úmidos, onde há lixo, frestas e rachaduras, esgoto e gordura, além de tubulações de energia e poços de elevador.

Em áreas onde eles são avistados, é recomendada uma visita da equipe de vigilância para inspecionar e identificar as condições propícias à presença desses animais. Vale ressaltar que as cobras devem ser deixadas para a captura da Polícia Ambiental, e as abelhas devem ser removidas pelo Corpo de Bombeiros.

Fui picado, e agora?

O Ministério da Saúde (MS) recomenda que, diante de uma picada de escorpião, a pessoa deve limpar o local com água e sabão e procurar atendimento médico de emergência, evitando o uso de medicamentos ou substâncias sem orientação médica. É importante ressaltar que o soro contra o veneno do escorpião está disponível apenas na rede pública de saúde.

No Distrito Federal, os pacientes picados por escorpiões devem procurar os hospitais regionais da Asa Norte, Brazlândia, Ceilândia, Paranoá, Guará, Taguatinga, Gama, Santa Maria, Sobradinho, Planaltina e o Hospital Materno Infantil (HMIB).

Nesses locais, os pacientes recebem o antídoto escorpiônico, que é administrado em casos considerados graves ou moderados, de acordo com a avaliação médica. A rede privada de saúde não dispõe desse soro, mas pode encaminhar os pacientes para unidades públicas.

Conforme explicação do médico emergencista pediatra Luiz Antônio Silva, do HRT, “a função do antídoto é inibir e neutralizar a ação do veneno, evitando os efeitos tóxicos no organismo”.

Se necessário, o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) está disponível para auxiliar a população com informações sobre os primeiros socorros por meio dos números 0800 644 6774 ou 0800 722 6001.

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