Dengue: Américas podem registrar pior surto da história

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O mosquito Aedes aegypti é o principal transmissor de dengue, zika e chikungunya em regiões urbanas do Brasil FOTO: JUAN CARLOS ULATE/REUTERS



Dengue: Américas podem registrar pior surto da história, alerta Opas

Acumulado de casos triplica em relação ao ano anterior

A Organização Pan-americana da Saúde (Opas) emitiu um alerta preocupante nesta quinta-feira (28), indicando que o continente americano pode enfrentar o pior surto de dengue já registrado. Com mais de 3,5 milhões de casos contabilizados nos três primeiros meses do ano, o acumulado é três vezes maior do que no mesmo período do ano anterior.

Brasil, Argentina e Paraguai lideram os casos

Segundo a Opas, mais de 90% dos casos e mais de 80% das mortes por dengue nas Américas ocorrem no Brasil, Argentina e Paraguai. O Brasil registra o maior número de casos, com 2.966.339 casos e 758 mortes, seguido pelo Paraguai, com 191.923 casos e 50 mortes, e pela Argentina, com 134.202 casos e 96 mortes.

Alerta em toda a região

O diretor-geral da Opas, Jarbas Barbosa, classificou a situação como preocupante, destacando que países onde os surtos de dengue normalmente ocorrem mais tarde no ano, como Barbados, Costa Rica e Guatemala, já estão enfrentando aumento de casos. Porto Rico, por exemplo, declarou situação de emergência por dengue no início da semana.

Fatores ambientais contribuem para a disseminação

Jarbas Barbosa ressaltou que os fatores ambientais desempenham um papel fundamental no aumento da transmissão da dengue nas Américas. Ele mencionou altas temperaturas, ondas de calor, secas intensas, armazenamento inadequado de água pela população e inundações como principais impulsionadores da disseminação do mosquito vetor.

Risco de casos graves

O diretor-geral da Opas alertou que a circulação simultânea de diferentes sorotipos da dengue aumenta consideravelmente o risco de casos graves da doença. Até o momento, mais de 21 países na região já relataram circulação de múltiplos sorotipos, incluindo o Brasil.

Comparação com o surto de Zika

Questionado sobre a possibilidade de declarar emergência em saúde pública de interesse internacional, como ocorreu com o vírus Zika em 2016, Jarbas explicou que os cenários são distintos. Em 2016, a emergência foi declarada devido à relação entre o Zika e casos de microcefalia em bebês. Na dengue, o aumento na transmissão não altera a expressão clínica da doença ou os sintomas.

Necessidade de programas permanentes de controle

Jarbas enfatizou a importância de programas permanentes nas Américas para identificar precocemente novos surtos de dengue, destacando que a doença apresenta um ciclo característico de epidemias seguidas por períodos de baixa transmissão.

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