Prova da efetividade no controle de pragas

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pragas - Pragas e Eventos

Exterminar as pragas é impossível, e não queremos, cada uma tem um papel importante na natureza, devemos saber conviver com elas de uma maneira que não causem danos e contaminação aos alimentos produzidos. Pragas nas áreas de produção de uma indústria é uma evidência de que há falhas no controle de pragas, que deve ter como foco as medidas preventivas, evitando um ambiente favorável ao aparecimento e seu desenvolvimento no parque industrial. Não menos importante é dificultar ao máximo a penetração delas para dentro da indústria, pois depois que a praga conseguiu penetrar na área de fabricação só Deus sabe o que pode acontecer, e os prejuízos podem ser incalculáveis.
Para provar a efetividade, o Controle Integrado de pragas deve estabelecer e fazer a Gestão dos Indicadores (evolução, tendências e metas) quanto à eficácia das ações tomadas e propor uma melhoria contínua.
Em uma auditoria na indústria, uma das preocupações dos auditores é saber se o controle de pragas está sendo efetivo, se há um planejamento estratégico de melhoramento contínuo. Dizer ao auditor que não há pragas circulando na sua indústria ou mostrar os certificados de aplicação de uma empresa terceirizada, que visita mensalmente a indústria para aplicar inseticida e raticida. Com certeza isto não vai convencê-lo, o que pode até piorar e complicar mais a situação se o auditor perguntar o porquê da aplicação de tanto inseticida.
Pra ficar bem claro, aplicação de inseticida não é controle de pragas. Controle de pragas é a gestão das medidas preventivas e corretivas, inseticida serve para exclusão de pragas quando o controle de pragas falha. Os raticidas em forma de iscas matam, porem a principal finalidade destes é o monitoramento, para saber se existem roedores visitando o parque industrial, o mesmo acontece com os dispositivos de captura, que são dispositivos essenciais para obter números para o assunto que estamos tratando aqui, a prova de efetividade.
Primeiramente você deve estabelecer metas e um limite de tolerância, não é fácil estabelece-los, não está escrito em nenhum lugar quanto de pragas posso ter na área externa e na área interna, o número ideal é de zero pragas. Na área interna já é difícil e na área externa é praticamente impossível zerar, mas é obvio que quanto menos pragas eu tiver no parque industrial menor é o risco delas conseguirem penetrar na área fabril, e quanto mais conseguir diminuir, melhor estará o controle. Por exemplo: se você já possui um histórico de consumo de iscas dos roedores, se baseie neste histórico, se você ainda não começou a monitorar e não tiver nenhum registro de ocorrência de pragas, monitore um mês. Poderão haver casos de urgência de obter uma meta e um limite, neste caso chute uma meta inicial, o mais importante é o que você vai fazer com o passar do tempo com essa meta estipulada versus os números obtidos no monitoramento, visando sempre melhorar. Em seguida vamos simular para entender melhor.
Vamos fazer uma simulação de meta e limite de tolerância para o consumo de iscas de roedores, e como vamos lidar com isso ao longo do tempo. Sabemos que quanto mais pontos de iscas consumidas, maior é quantidade de roedores visitando o nosso parque industrial. Digamos que a minha indústria têm 100 pontos de isca, vamos iniciar com uma meta de <15% de pontos de iscas consumidas por mês e o limite de tolerância de <20% dos pontos de iscas consumidas por mês. Supomos que os primeiros 6 meses que monitoramos apontaram uma média de 12% de pontos de iscas consumidas no mês, isso mostra que em relação a meta que estipulamos o controle está sendo efetivo, porém para alcançar uma prova de efetividade precisamos melhorar mais, então vamos estabelecer que para os próximos 6 meses a meta do nosso nível de tolerância seja <10% de iscas consumidas, e para isso vamos precisar melhorar o nosso controle de pragas, fazendo um Check list das medidas preventivas e corrigir as falhas.
Se conseguirmos alcançar esta meta nos próximos 6 meses é um sinal que o nosso controle de pragas está sendo efetivo. Com o passar do tempo vamos ter uma evolução do trabalho desenvolvido, É claro que vai chegar uma hora que não haverá mais como melhorar e irá chegar em um nível tão baixo que se tornará impossível diminuir a meta.
Mas como saber se chegamos ao nível mais baixo de ocorrência de pragas?
Podemos utilizar como indicador que aponta a maior gravidade, que é a presença de pragas na área interna. Se não conseguir mais abaixar a meta na área externa, na parte das medidas preventivas está tudo redondinho e na área interna não há registro de pragas, é possível que chegamos ao limite mais baixo de ocorrência de pragas. Mas não se acomode que quando menos você espera, uma falha pode ocorrer, elas vão estar sempre tentando entrar.
Neste mesmo sentido vamos estipular as metas e os limites de tolerância para cada praga e setor. Como por exemplo, a meta de insetos capturados nas armadilhas luminosas, assim podemos conseguir apontar por exemplo, quantas moscas conseguimos diminuir nas barreiras sanitárias em um período de tempo. Nas armadilhas biológicas na área externa será possível monitorar insetos voadores. A quantidade de vestígios ou presença de insetos e roedores vistos in loco interno e externo. Estipular metas de captura de insetos nas armadilhas de cola, e assim por diante. E reforçando não é com os inseticidas que vamos melhorar essas metas, e sim com as medidas preventivas e corretivas.
Podemos utilizar para provar a efetividade várias ferramentas da qualidade, tabelas de indicadores, Ciclo PDCA, Diagrama de Ishikawa. etc.
O controle de pragas deve ser realizado por todos e em cada procedimento realizado por cada um da indústria, desde o faxineiro ao presidente. Devemos registrar cada ocorrência de pragas, quando ocorrer na área interna a exclusão deve ser imediata, e em seguida verificar qual e onde foi a falha para corrigir e evitar a presença de uma segunda praga. A verificação dos dispositivos de iscas, capturas e o Check list das medidas preventivas deve ser minimamente mensal.
Lembrando que todo o trabalho do controle integrado de pragas deve estar descrito nos programas de BPF da indústria, de forma que qualquer pessoa possa entender como é feito o controle na indústria.
E pra finalizar, uma observação importante, a manipulação e a aplicação de praguicidas só podem ser realizado por profissionais capacitados de empresas especializadas de controle de pragas, como preveem as leis em vigor, a indústria deve acompanhar a empresa terceirizada. É de responsabilidade da empresa terceirizada que no mínimo forneça o resultado de cada um dos dispositivos com iscas e de captura para a indústria. É vergonhoso, não comentaria se eu não tivesse presenciado, a empresa terceirizada chegar na indústria com os documentos já prontos. A notícia boa, é que existem empresas com profissionais de alto padrão, muito bem treinados e capacitados, que tem muito mais a oferecer que só a aplicação e manipulação de praguicidas, muitas tem a capacidade de gerenciar o controle integrado de pragas por completo para indústria, nenhuma empresa é igual a outra, como contratar uma boa empresa de controle de pragas é o próximo tema a ser abordado.

Por Mauricio Marques Schneider

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