Como a febre amarela “viajou” da Amazônia até São Paulo

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Originária de outros Estados brasileiros, a febre amarela silvestre “viajou” por um corredor verde de mata atlântica por meio de mosquitos transmissores e de macacos infectados até chegar a São Paulo. Não há registro de mortes de pessoas na capital paulista pela doença, mas a Prefeitura iniciou campanha de vacinação na zona norte após o encontrar de um macaco bugio vítima dentro do Horto Florestal, na semana passada. No Estado, 16 pessoas morreram vítimas da doença.

De acordo com o coordenador do Programa Municipal de Vigilância e Controle de Arboviroses, Eduardo de Masi, o vírus saiu da Amazônia e foi caminhando pelas regiões de mata fechada, “que são chamamos de corredores ecológicos”.

— Então, passou por vários Estados até chegar a Minas Gerais, onde teve grande repercussão devido ao número de casos [mais de 100 mortos]. De lá, veio para São Paulo.

O vice-presidente da Sbim, Renato Kfouri, complementa que os estudos dos corredores mostram por onde o vírus foi migrando (região Norte, Centro-Oeste, passando por Minas Gerais, até entrar pelo norte do Estado de São Paulo), e os especialistas conseguem ir monitorando esse caminho “pelos genótipos dos mosquitos e na observação do vírus da febre amarela nos macacos mortos” pelo caminho.

Ciclo de febre amarela

Agora vive-se o meio de um ciclo da doença, que começou no fim de 2014, e faz parte do histórico da doença. O último havia ocorrido em meados de 2008, 2009”, afirma Masi.

— [Esse ciclo] “ocorre a cada sete, oito anos, aproximadamente, e dura cerca de três anos.

O ciclo da febre amarela silvestre ocorre só em macacos e, eventualmente, os humanos são infectados. Os mosquitos transmissores de febre amarela silvestre — Haemagogus e Sabethes — costumam voar apenas por 500 m, mas se não conseguir alimentação, eles podem voar por até 2 km até encontrar outra região de mata.

— Esses mosquitos costumam viver perto da copa das árvores e se alimentam de animais vertebrados, principalmente, de macacos. Do ponto de vista do mosquito, o homem é uma fonte de alimento. Se o mosquito estiver infectado com o vírus, ele vai transmitir a doença.

Macacos sofrem mais

Ainda de acordo com Masi, os macacos da espécie bugio são os mais suscetíveis à doença. Já o sagui, por exemplo, dependendo da carga viral, consegue sobreviver ao vírus, assim como os humanos.

Outros animais também foram encontrados mortos em regiões de mata preservada, como em Jundiaí, que está na área de risco para a febre amarela. A prefeitura da cidade confirmou que 58 casos deram positivo para a doença, outros 39 casos aguardam o resultado de exames.

Na capital paulista, foram encontrados 19 macacos mortos. Os testes comprovaram que três animais morreram por febre amarela silvestre. Segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, os macacos mortos na capital foram levados para análise desde o dia 9, data de confirmação da morte do primeiro primata no Horto. Em todo o Estado, 258 primatas morreram infectados pelo vírus desde o início do ano.

Macacos não transmitem febre amarela

A Prefeitura de São Paulo, inclusive, lançou campanha nas redes sociais para que as pessoas não agridam, maltratem ou matem estes animais.

Parques fechados

Até esta segunda-feira (30), 15 parques haviam sido fechados para conter o avanço do vírus, sendo 13 municipais e dois estaduais — Horto Florestal e Parques Estadual da Cantareira —, segundo a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.

“Nunca vi o parque fechar”, diz moradora do Horto Florestal

Após o fechamento do Horto Florestal, a prefeitura iniciou campanha de vacinação na zona norte da cidade. Na primeira etapa, devem ser imunizados moradores de um raio de 500m do parque. Na segunda etapa, o alvo será quem vive ao redor de 1 km da área. Na terceira e última etapa, a prefeitura pretender vacinar todos os moradores. Por enquanto, não há previsão para imunizar residentes de outras regiões da capital paulista, a não ser que a pessoa vá viajar áreas de risco para o vírus. Os 20 Estados com áreas de risco podem ser consultadas no site do Ministério da Saúde.

Vacina é maneira mais eficaz

O vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), Renato Kfouri, recomenda que quem não se vacinou ou não pode tomar a vacina contra febre amarela se proteja com as chamadas barreiras físicas: “usar repelentes, vestir roupas cumpridas, instalar telas em casa e, principalmente, evitar as áreas de risco”.

Desde o início da campanha, foram aplicadas 371.130 doses da vacina, nas 37 Unidades Básicas de Saúde e 12 postos volantes que participam da ação. Veja abaixo os endereços dos postos de saúde

Fonte: R7

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