Controle de formigas-cortadeiras exige mais atenção na primavera

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aceitunojr - Pragas e Eventos
Mateus Pereira das Neves e Daniel Rodrigues Alves, ambos da Garra Ambiental, distribuem sulfluramida próximo a formigueiros - Fotos: Aceituno Jr

Com a chegada da primavera, tem início uma fase singular na vida das formigas-cortadeiras. Neste período, as rainhas – chamadas, nas saúvas, de tanajuras – precisam voar para acasalar com os machos – os içás -, a fim de escavar o solo ao cair, furando 20 centímetros, e, desse modo, fundando um novo formigueiro. Trata-se, assim, de um momento importante para se atentar a esta proliferação, já que estudos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) dão conta de que um sauveiro adulto (formigueiro de saúvas), em área de eucaliptos, pode cortar uma tonelada de material vegetal, cerca de 86 árvores, em um ano. Já na cana-de-açúcar, o prejuízo é ainda maior: 3,5 toneladas de matéria vegetal por ano.

“Elas causam prejuízos na questão agrícola e também no meio urbano com danos em frutíferas, jardins e árvores e incômodo a animais domésticos. A região de Bauru é de pasto, eucalipto e cana, que são favoráveis para alimentação das formigas. Os predadores naturais são poucos e, assim, começam a se desenvolver livremente. Plantas ornamentais também são mais atrativas para elas”, afirma o biólogo Mateus Pereira das Neves, diretor da Garra Consultoria Ambiental.

Exemplo de erradicação das formigas é um terreno no canteiro central da avenida Affonso José Aiello, que, há quatro meses, recebe o tratamento realizado pela Garra Consultoria Ambiental. “Lá, conseguimos acabar com os formigueiros, além de outros trabalhos que realizamos. Agora, estamos aguardando para começar as ações de paisagismo do local”, conta. Além deles, outras três empresas colaboram com o espaço.

ORGANIZADAS

Segundo o especialista, hoje, existem mais de 15 mil espécies de formigas no mundo. As que costumam causar danos à plantação são as cortadeiras, em um nome não genérico, que descreve algumas das 47 espécies de insetos de formigas mastigadoras pertencentes aos dois gêneros Atta e Acromyrmex. No Brasil, as do gênero Atta são conhecidas popularmente como saúvas e as Acromyrmex como quenquéns.

“Elas cortam as plantas e levam para o formigueiro. As pessoas acham que elas se alimentam dessas plantas, mas não. Elas servem apenas de alimento para um fungo que as formigas cultivam e se alimentam dele. O dano agrícola e urbano é muito grande, porque as formigas são insetos bem organizados e sinantrópicos (bem sucedidas no convívio com os humanos)”, explica.

ATENUAR IMPACTOS

Apesar de pequenas, as formigas constroem estradas com uma cortadeira à frente, acham um local com alimentos, criam uma trilha de feromônio e vão criando seus formigueiros, que podem ter de 3 a 7 milhões de indivíduos. “Uma fêmea chega a viver por 20 a 30 anos. Já as formigas menores duram cerca de 3 anos”, diz Mateus das Neves.

Sendo assim, a formiga incide sobre as mudas e pode inviabilizar um plantio inteiro. “Nós trabalhamos para disponibilizar o crescimento das plantas de forma a controlar e atenuar os impactos das formigas. Para isso, utilizamos uma isca que tem um cheiro atrativo. Elas levam isso ao formigueiro, mas contém uma substância que contaminará os fungos e as formigas, causando a morte deles de dentro do formigueiro para fora”, afirma. “Para formigas que aparecem em casa, detergente e querosene são bons aliados”, completa.

TOXIDADE

Tanto esta isca, chamada sulfluramida, quanto outras liberadas por órgãos reguladores tem baixa toxidade, mas é importante que se tenha total cuidado no manejo. “Vale lembrar que o cuidado deve ser redobrado em locais com crianças, animais domésticos e outros, como patos e galinhas, por exemplo”, conclui o biólogo.

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